Música e programação – parte 1

Estive pensando por esses dias sobre a relação que existe entre a música e a programação. É interessante correlacionar áreas diferentes para dar mais sentido àquilo que fazemos, seja por profissão, seja por um momento de descontração.

No meu caso eu tenho a programação como profissão, e o quanto mais eu puder agregar valor ao que faço, melhor irei desempenhar o meu papel na empresa onde trabalho. Isso irá refletir na minha produtividade. E nesse texto estou refletindo um pouco sobre a área musical para, posteriormente, relacioná-la com a atividade de um programador.

Em fins de semana eu atuo como músico na igreja que frequento, e durante a semana costumo dar aulas de música, ensinando teoria musical e um pouco de prática. Isso é muito interessante pois me faz perceber o quanto essas duas áreas, música e programação, tem em comum. Neste artigo e no próximo estarei refletindo sobre essas duas áreas e o que podemos correlacioná-las para tirar algumas questões interessantes.

– Teoria e prática: a teoria musical é uma base sólida para quem quer crescer nessa área com conhecimento. Aprendendo o básico dela é possível já sair tocando algumas músicas mais simples. Porém, não adiantaria se eu pegasse um violão e fizesse um C#m7(b5) (dó sustenido menor com sétima e quinta bemol) sem saber quais são as notas musicais que estão sendo alteradas para que esse acorde seja montado e encaixado na harmonia de uma música.

Uma boa base de teoria musical me fará compreender que as notas (acordes) que estou tocando em uma música tem relação entre si, e se eu alterar uma nota na harmonia, posso tanto dar uma impressão diferente, enriquecendo a mesma, ou deixando-a mais feia, mais estranha ao se ouvir. Se o meu objetivo é melhorar uma música, eu preciso pelo menos saber onde preciso alterar, adicionar ou até retirar notas para que a mesma seja melhor executada.

Quando estudamos música nos deparamos com algumas “fórmulas” que nos auxiliam a chegar em alguns lugares confortáveis, onde conseguimos formar um grupo de notas que podem ser usados para criar harmonias bonitas, mesmo que simples no início, mas que são suficientes para compor uma canção. Não é preciso muito estudo para começar a criar. Além disso é possível começar direto com a prática, montando os acordes mais básicos para que as mãos comecem a se acostumar com as posições a serem feitas em cada nota musical, criando a memória muscular, que futuramente irá nos fazer tocar sem ao menos pensar no que estamos fazendo, apenas fazemos o acorde que está informando na música.

A partir daí, se a minha intenção for crescer nessa área, precisarei estudar mais a fundo sobre isso. Por exemplo, quando me deparo com um E/G# (mi com o baixo em sol sustenido) em uma música no tom de C (dó maior), para que eu não pense que essa nota está errada por não fazer parte do campo harmônico de C, o que essa alteração está fazendo na harmonia da música? Qual a relação dessa nota “estranha” com a melodia (a linha vocal, ou um solo que conduz a música)?

Dependendo do interesse que eu tiver ao querer aprender mais a fundo a teoria musical, conseguirei ir cada vez mais a fundo no assunto. Isso me ajudará a chegar em níveis mais altos, onde conseguirei improvisar enquanto estiver tocando uma música. E é isso que torna a música uma arte tão bela: ela é infinita! Posso estar tocando músicas que tenham apenas três notas, mas se eu tiver uma ótima base teórica, irei implementar alterações, adicionar notas e solos para que a música não soe repetitiva para quem está ouvindo. Música é uma arte, e o fato de ser possível improvisar faz com que ela não tenha limites.

Uma coisa que podemos nos enganar quando vemos um músico muito bom na prática é a velocidade com que o mesmo executa notas em sequência. Podemos ser levados a pensar que tocar bem um instrumento é tocar rápido, ou saber tudo sobre o instrumento, ou até conseguir fazer todas as notas musicais possíveis. Porém não são essas características que fazem um bom músico. Não é “fazer tudo”, mas sim “fazer o melhor com tudo que tenho”. O que me torna um bom músico não é chegar mais longe que os demais, mas saber aproveitar da melhor forma possível essa caminhada, tendo a sabedoria do que fazer em cada ponto dela.

Bons músicos não precisam mostrar que conseguem tocar 400 notas por minuto, mas sim usar seu conhecimento técnico para montar ótimas harmonias e melodias, que façam sentido, que provocam até sentimentos em seus ouvintes, pois a música tem essa propriedade também. Perceba as músicas que são colocadas, por exemplo, em momentos chaves de alguns gêneros de filmes: terror, drama, comédia, aventura… Cada trilha sonora é composta ou escolhida para que faça sentido com o contexto da obra.

Irei continuar esse assunto em breve, na parte 2. Te espero lá e, por enquanto, que tal deixar as suas sugestões, dicas, reclamações e impressões sobre o que você leu até agora?

Obrigado!

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