Música e programação – parte 3

Nessa terceira parte estarei refletindo um pouco mais sobre a área musical em comparação com o desenvolvimento de sistemas nos seguintes assuntos: a importância de trabalhar em equipe, o legado que deixamos para outros que irão atuar em nosso lugar e o momento certo de agir ou não no desenvolvimento da obra.

Uma coisa que não comentei nas outras partes é que, para mim, a programação pode ser vista como arte, guardadas as devidas proporções com a área musical. Uma peça ou obra de arte é desenvolvida com um objetivo, para ser admirada e consumida, em sua maior parte na forma de entretenimento. A diferença é que o resultado do desenvolvimento de um programa não visa apenas o entretenimento, mas também o uso casual e profissional. Pretendo desenvolver mais esse assunto posteriormente.

Sobre a atuação dentro de um time, seja ele uma banda musical ou uma equipe de programadores, levamos em consideração o engajamento das pessoas com o grupo, com as regras estabelecidas e as metas a serem alcançadas. Itens importantes devem ser considerados: antes de iniciar a composição de uma música é necessário que todos os músicos saibam qual será o objetivo a ser alcançado, ou melhor dizendo, o estilo da música a ser composta: será um rock, sertanejo, bolero, jazz? Após isso, alguém provavelmente já terá um guia para dar início à composição. O rock será estilo contemporâneo? Old school? Progressivo? Quais instrumentos serão utilizados na execução da música? Provavelmente uma guitarra e uma bateria, no mínimo, deverão fazer parte da obra. Já um pandeiro será menos provável. E quais serão os músicos mais capacitados em seus instrumentos que deverão fazer parte da composição?

Tendo esses parâmetros iniciais já será possível iniciar a composição da música. A comparação com uma equipe de desenvolvedores de sistemas é óbvia: qual produto será desenvolvido? Um jogo? Um controle financeiro pessoal? Um controle de armazém? Quais serão as tecnologias a serem utilizadas no desenvolvimento? O sistema será desenvolvido apenas para aparelhos móveis ou para computadores também? Será necessário utilizar conexão com a internet ou não? Quem deverá fazer parte da equipe de desenvolvimento? A partir das respostas obtidas será possível iniciar o projeto.

Ao longo do tempo poderão ser realizados ajustes, adicionando arranjos, instrumentos e vozes na música. Porém, se a base não for sólida o bastante, se o escopo inicial perder o foco, toda a obra ficará comprometida e a possibilidade de precisar recomeçar o projeto do início será grande.

As regras iniciais devem estar bem claras a todas as pessoas da equipe para que andem juntas, seguindo a orientação do líder do time, que deve estar atento ao andamento da composição, focando o objetivo a ser alcançado. Qualquer alteração no meio do caminho deve levar em consideração o contexto atual e o futuro, para que não seja criada uma obra destoante e sem coerência.

Conhecemos grandes músicos que imprimem uma técnica muito bem trabalhada em suas músicas, e ao iniciar os estudos de um instrumento, por exemplo, temos como objetivo a execução da obra admirada. Esse é o legado que bons músicos deixam em suas obras: uma bela canção, bem executada, equilibrada e que será admirada por muitos ao longo do tempo. O desafio será quando outros músicos forem executar uma música onde essas técnicas foram empregadas: a falta de estudos, preparo e dedicação serão fatos percebidos pelos ouvintes quando uma música for tocada por outras pessoas. Na programação temos algo parecido, onde pessoas habilidosas construíram uma grande base que poderá ser utilizada por outros programadores a fim de facilitar algumas tarefas e encurtar o caminho entre o início e o fim do desenvolvimento de um programa. No entanto, será percebida a falta de habilidade de um programador quando o mesmo não conhecer como uma ferramenta funciona, e seu desempenho irá ser menor diante de outra pessoa que tenha um conhecimento maior dessa mesma ferramenta.

Por fim, gostaria de comentar que a atuação de um músico na banda poderá ser feita de forma constante, intermitente ou pontual. Como exemplo de uma atuação constante podemos citar o baterista. Normalmente é o músico que marca o início da música, imprime o ritmo a ser seguido pelos demais, além de outras características que podem ser impregadas na composição. Já um guitarrista que faz solos poderá ter uma atuação intermitente, tendo a sua participação em algumas partes da música, imprimindo um complemento com os vocais (melodia) por exemplo, onde irá imprimir algumas notas mais agudas entre uma frase e outra, ou tendo um destaque maior quando os vocais deixam de atuar e a parte instrumental da música fica destacada. Por fim temos a atuação de instrumentos pontuais. Dependendo do estilo da obra, uma flauta poderá ter algumas participações na introdução, aparecer um pouco na metade da música e dar mais um toque no final.

Em um time de desenvolvimento, dependendo do contexto, alguns profissionais precisarão aguardar uma parte do projeto estar pronto para que eles possam atuar, já outros estarão atuando do início ao fim, dando a direção, verificando se o prazo poderá ser cumprido, se será necessário adicionar mais recursos ou pessoas no time, e assim por diante.

O resultado de uma música bem construída e executada será percebida ao final de sua demonstração ao público. Por mais que uma banda tenha composta uma linda obra, a mesma não será conhecida se não for apresentada diante dos ouvintes. Ao desenvolvermos um sistema, o mesmo não será útil se não for utilizado pelos clientes. Apenas a partir daí poderemos receber críticas e elogios ao produto, podendo ajustá-lo posteriormente para melhor servir seus usuários/ouvintes.

Você tem alguma observação? Crítica? Sugestão? Me escreva. Gostarei muito de saber o que você pensa sobre esse assunto, e até se não concorda com algo que eu disse. Fique à vontade.
Obrigado!

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